A mente TDAH e o poder da música
Música
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O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo, marcada por dificuldades em manter o foco, controlar impulsos e regular o nível de energia. Mas, antes de qualquer julgamento simplista como “falta de disciplina” ou “preguiça”, é preciso entender que o TDAH é, na verdade, uma questão neurobiológica: o cérebro funciona de forma diferente.
Pesquisas em neurociência mostram que, no cérebro de pessoas com TDAH, há uma alteração nos circuitos dopaminérgicos, ou seja, nas vias que regulam a dopamina — neurotransmissor responsável pela motivação, recompensa e atenção.
Baixa disponibilidade de dopamina e noradrenalina: essas substâncias ajudam o cérebro a filtrar estímulos e priorizar informações. No TDAH, essa regulação é menos eficiente, o que gera dispersão e dificuldade de manter o foco por longos períodos.
Córtex pré-frontal menos ativo: região responsável pelo planejamento, organização e controle de impulsos. No TDAH, ela pode apresentar uma atividade reduzida, dificultando o gerenciamento do tempo e das tarefas.
Rede de modo padrão hiperativa: essa rede neural, que costuma estar ligada ao devaneio e à imaginação, tende a se ativar mais facilmente, levando a distrações frequentes.
É por isso que a mente TDAH funciona em um ciclo oscilante entre hiperfoco (quando algo é altamente estimulante) e dispersão (quando a motivação química não é suficiente para sustentar a atenção).
A música tem um papel regulador poderoso no cérebro porque atua justamente nas áreas ligadas à emoção, atenção e memória. Estudos em neurociência apontam que ouvir música pode aumentar a liberação de dopamina em até 9%, algo crucial para quem tem TDAH.
Além disso:
Ritmo constante: músicas com batidas regulares ativam o sistema motor e ajudam a sincronizar o cérebro, favorecendo a organização interna.
Estímulo ao córtex pré-frontal: determinados tipos de música (clássica, instrumental ou minimalista) promovem maior atividade nas áreas do foco e do raciocínio.
Equilíbrio emocional: a música reduz os níveis de cortisol, diminuindo a ansiedade que muitas vezes acompanha o TDAH.
Ativação da memória de trabalho: melodias estruturadas ajudam o cérebro a treinar a retenção e a sequência de informações, melhorando o desempenho cognitivo.
Não existe uma única resposta, porque cada cérebro responde de forma particular. No entanto, pesquisas e práticas clínicas têm mostrado bons resultados com alguns estilos:
Música clássica (Bach, Mozart): conhecida como efeito Mozart, pode melhorar a organização neural, foco e raciocínio lógico.
Músicas em 60 a 80 BPM: esse ritmo se aproxima do batimento cardíaco em repouso, trazendo sensação de calma e favorecendo a concentração.
Frequências específicas (432 Hz e 528 Hz): associadas a estados de equilíbrio, relaxamento e criatividade.
Batidas binaurais em ondas alfa (8–12 Hz) e teta (4–7 Hz): eficazes para reduzir ansiedade e melhorar a atenção sustentada.
Música instrumental sem letra: reduz distrações, já que a linguagem verbal pode competir com a atenção em tarefas que exigem foco.